Daniela Garcia
Do UOL, em São Paulo
10/12/201609h35
A primeira delação da
Odebrecht foi divulgada nessa sexta-feira (9) e o autor do
depoimento é Cláudio Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da
construtora. Melo Filho afirmou ao MPF que o presidente Michel Temer pediu ao empresário Marcelo
Odebrecht R$ 10 milhões para o PMDB, em 2014, durante campanha
eleitoral. O texto cita mais de 20 políticos, entre eles a cúpula do PMDB.
A importância do executivo, porém, estava além de seu cargo
por se relacionar com congressistas e servidores públicos. O baiano de 49 anos
era o suplente do ex-presidente Marcelo Odebrecht no conselho administrativo da
empreiteira.
Melo Filho, que trabalhou por doze anos na área de relações
institucionais, era um homem de confiança de Marcelo, segundo apontou o MPF
(Ministério Público Federal) em denúncia de maio
deste ano.
"A proximidade e
a relação de confiança que se estabelece entre ele e Marcelo Odebrecht pode ser
depreendida não apenas em decorrência de ser o suplente desse em diversos
Conselhos de Administração, mas, ainda, do teor dos e-mails apreendidos na sede
da empreiteira", de acordo com texto da denúncia.
Segundo investigação do MPF, o nome de Melo Filho constava nos
e-mails em que executivos trocavam informações relacionada a políticos,
servidores públicas e negócios com a Petrobras.
Na denúncia do
Ministério Público, foram anexadas 21 mensagens em que o ex-diretor
aparece como um dos remetentes.
Nos e-mails, Marcelo Odebrecht instrui, por exemplo, a seus
funcionários que "CMF" deve ser informado de reuniões com executivos
da Petrobras. A sigla se refere ao nome de Cláudio Mello Filho, de acordo
com a investigação.
" Há (...) diversas mensagens em que Marcelo Odebrecht
orienta a outros executivos seja Cláudio Melo Filho (por diversas vezes
referido pelo acrônimo "CMF", em evidente alusão a seu nome)
atualizado sobre estratégias e importantes decisões e informado de compromissos
relevantes", diz trecho da denúncia.