JOVENS IGNORAM CAMISINHA, FICAM MAIS
EXPOSTOS AO HIV E PREOCUPAM GOVERNO.


A curiosidade fez com que Brenno Sales Preis, de 22 anos, usasse camisinha duas vezes desde que perdeu a virgindade, no começo deste ano. Desfeito o mistério, ele voltou a ter relações sem camisinha. Preis, que é estagiário e mora em Belo Horizonte, conta que não teme a AIDS.
- Nunca conheci uma pessoa com AIDS. Nem amigo de amigo. É como se [a doença] não existisse. Passou a ser um mito.
Preis ilustra um dos principais desafios do governo: lembrar para a população que a camisinha não é só um método anticoncepcional e que ainda é uma das formas mais eficazes de se evitar o vírus HIV. A AIDS antes era vista como uma sentença de morte. Passou a ser vista como uma doença tratável. O governo admite que a doença está “banalizada” no imaginário popular e luta contra isso. Várias campanhas publicitárias começam hoje quinta-feira (1º/12/2011), Dia Mundial de Luta Contra a AIDS, a lembrar que a doença não pode ser subestimada.
A administração da doença avançou, mas ainda não existe uma cura, como destaca o infectologista Ricardo Sobhie Diaz, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
- A doença perdeu alguns estigmas que ela tinha antes. As pessoas podem não morrer tanto como antes por causa da doença, mas isso não é motivo para as pessoas não se cuidarem. Mesmo com o remédio antiretroviral, as pessoas soropositivas envelhecem muito mais rápido. Existe um dano.


A ONU AFIRMA QUE:


Condenada por especialistas, a percepção da população de que a AIDS é uma doença “não tão perigosa” tem até respaldo em dados da ONU (Organização das Nações Unidas). A UNICEF AIDS, agência da ONU responsável pelo combate a essa doença, divulgou neste mês um relatório que aponta que cada vez menos pessoas morrem de AIDS no mundo. Novas infecções pelo HIV foram reduzidas em 21% desde 1997. As mortes por doenças relacionadas à AIDS caíram 21% desde 2005.
A UNICEF AIDS estima que 700 mil mortes relacionados à AIDS tenham sido evitadas no ano passado - número que pode ser atribuído ao acesso aos medicamentos antiretrotral, a que 47% dos infectados no mundo têm acesso. Atualmente, 34 milhões de pessoas no mundo viviam com AIDS em 2010, segundo relatório da UNICEF AIDS (escritório da ONU de combate a AIDS), o que é praticamente equivalente a população do Canadá.
Ainda assim, a UNICEF AIDS estima que cerca de 7.400 novas infecções por HIV ocorrem por dia no mundo e 4.945 mortes relacionadas a doença por dia. O Ministério da Saúde do Brasil conta aproximadamente 30 mortes por dia (11 mil mortes por ano). No último boletim epidemiológico da pasta, foram contabilizados 608 mil casos de AIDS de 1980 até hoje. Nesse mesmo período, 241.469 pessoas morreram em decorrência dessa doença.
A intenção do Ministério da Saúde é mostrar que, apesar da diminuição, a doença ainda deve ser levada a sério.
O lado ruim dessa “sensação de controle da AIDS” é a diminuição do financiamento dos programas nas causas da crise, de acordo com um relatório publicado hoje quarta-feira (30) pela OMS (Organização Mundial da Saúde), UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e a UNICEF AIDS.
- As pressões financeiras sobre os orçamentos das ajudas nacionais e estrangeiras fazem pairar uma ameaça sobre os progressos impressionantes realizados até o presente.

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